The King Of Helmets & Deus
Há certas pessoas que nascem com gasolina no sangue, no mais puro estilo “In Benzin Veritas”. Luiz Claudio, conhecido no mundo das duas rodas como Xaparral, é um desses. O espírito da customização corre em suas veias desde o berço, entre o cheiro de óleo e graxa que sempre impregnava o ar enquanto seu pai e irmão desmontavam o mundo ao seu redor. Esse trio era movido a invenções, modificações e a mágica de mexer nas engrenagens.
A chave começou a virar por volta dos 12 ou 13 anos. Ele e o irmão, já piloto de motocross, foram acampar. Entre curvas selvagens, buracos implacáveis, saltos e muita poeira, Xaparral teve a revelação: aquilo era a vida que ele queria. A epifania veio junto com a adrenalina e o vento no rosto que só a 'machina' poderia proporcionar.
Durante os anos em que competiu, Xaparral viveu o glamour das corridas, mas foi quando se machucou que percebeu que apenas aquela vida não seria suficiente. Decidiu, então, transformar sua paixão em algo concreto, algo que o manteria para sempre conectado ao universo das duas rodas e da customização.
A história dos capacetes customizados nasceu dessa transição. Enquanto ainda corria, ele ficava obcecado ao ver outros pintarem capacetes sem sequer desmontá-los. Para ele, aquilo carecia de alma. Foi então que, há 30 anos, abriu sua loja em São Paulo, criando um verdadeiro ateliê onde ele moldava a cabeça de todos que passavam por lá.
O processo de customização dos capacetes para Xaparral é um ritual sagrado. Ele desmonta cada peça, pinta, troca costura, borda, muda etiquetas, escolhe tecidos, ajusta cada detalhe com uma obsessão quase reverencial. Nada de produção em massa. Cada capacete é uma obra de arte única. Seu trabalho é sua assinatura.
O que ele compartilha com a Deus? Muito. A paixão pelo que é feito à mão, a adrenalina das corridas, a personalização que reflete sua alma. Essa conexão, esse estilo de vida, não se explica, apenas se sente. O importante é viver o presente, viajar, curtir, mexer nas próprias motos, e deixar um legado que carrega a essência de uma era que já passou, mas que permanece viva em cada detalhe.
No fim, a vida é isso: curtição. E o Xapa, com suas máquinas e capacetes, vive essa utopia todos os dias, do jeito único dele.